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Pré-venda Zé

26 anos depois

Em 1998, publiquei meu primeiro livro: Zé - José Carlos Novais da Mata Machado, reportagem biográfica, pela editora mineira Mazza Edições.

 

Eu tinha 28 anos. O livro foi o resultado de quatro anos de pesquisas, sobre parte da vida e militância na Ação Popular (AP) do José Carlos, filho de uma tradicionalíssima família mineira, e sua morte, após bárbaras sessões de tortura no DOI-CODI do Recife, em 28 de outubro de 1973. A versão oficial, divulgada em vários jornais do país, inclusive no Jornal Nacional, foi a de que ele teria morrido num tiroteio, no Recife, com os próprios companheiros de organização. Foi enterrado como indigente, ao lado do também mineiro Gildo Macedo Lacerda, desaparecido.

Ninguém sabia, mas seu cunhado, Gilberto Prata Soares, vinha trabalhando para a repressão desde fevereiro, como “infiltrado”na AP. Foram assassinados, por causa do cunhado delator, entre setembro de 1973 e fevereiro de 1974: José Carlos, Gildo Lacerda, Honestino Guimarães, Paulo Stuart Wright,  Fernando Santa Cruz e Eduardo Collier. 

 

Nenhum deles participou de ações armadas. Num caso raríssimo do período, a família Mata Machado conseguiu resgatar o corpo do Zé, mesmo tendo sido enterrado como indigente. Pesou a favor a forte denúncia internacional que Edgar da Mata Machado conseguiu dar ao caso, através especialmente dos intelectuais franceses e europeus, com quem mantinha intensa relação de amizade.C Citar Mércia. 

 

Pela asoluta falta de documentos oficiais, no contexto político do início dos anos 1990, o livro foi escrito a partir de fontes orais, com seus companheiros de militância, presos políticos e familiares, além de notícias de jornais. Foram mais de 40 entrevistas, em Recife, João Pessoa, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Londrina. Três pessoas entrevistadas viram o Zé no DOI-CODI do Recife, e uma delas o viu agonizante, em uma cela. 

 

O livro foi descrito como “emocionante”, pelo jornalista Elio Gaspari, no seu livro A ditadura escancarada, e citado longamente, no momento em que fala dos infiltrados nas organizações de esquerda.

Por que uma reedição, 26 anos depois?

 

Com o avanço da Democracia no Brasil, e a criação da Comissão da Verdade, em 2011, foi possível encontrar documentos oficiais sobre diversos crimes da ditadura.

 

A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, de Pernambuco, criada pelo governador Eduardo Campos, em 2012, se debruçou sobre o caso do suposto tiroteio no Recife, em outubro de 1973. Ouviu parentes, militantes da AP, e levantou uma grande quantidade de documentos referentes ao caso. Acompanhei toda a investigação e consegui cópias dos depoimentos oficiais e depoimentos. 

 

Foi batizada de “Operação Cacau” a infiltração de Gilberto Prata na AP, que resultou na prisão de Zé e seus companheiros de Ação Popular.  No relatório do Exército, há depoimentos de presos, registros, relatos de ações que estavam sendo monitoradas e fotos do Zé, ao lado de sua companheira, Madalena Prata Soares, em Salvador, pouco antes de sua prisão.

 

Em julho de 2020, resolvi refazer o caminho inicial da pesquisa. Entrevistei outros  amigos do Zé, velhos militantes da AP, irmãos que não tinham falado na primeira pesquisa, e seu próprio filho, Dorival, que nasceu em 1972, quando os pais eram militantes clandestinos, na periferia de Fortaleza-CE. Foram 25 novas entrevistas. Pretendo abordar um tema deste período que julgo subestimado: a “luta desarmada”.

 

É um livro também sobre uma tradicional família mineira devastada pela violência e arbítrio do estado, que tantos brasileiros agora tentam negar, pedindo “intervenção militar”

Para adquirir o exemplar basta escolher uma das opções abaixo, efetuar o pix: zenovaedicao@gmail.com em nome de Samarone Lima, encaminhar o comprovante para o mesmo email, ou para o zap 81 99988-4003.

Qualquer dúvida estamos a disposição por esses canais também.

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